Os verdadeiros números da UFRJ
04/12/2019

Reprodução na íntegra de texto da Magnífica Reitora da UFRJ, Professora Denise Carvalho Reitora da UFRJ, publicado no site da UFRJ:

Há certo grau de questionamento sobre o valor e o custo das instituições públicas de ensino superior no Brasil na atualidade. A eficiência dessas instituições de pesquisa, ensino e extensão deve ser analisada sob a ótica da sociedade que as financia, mas com base em números corretos, para evitarmos a divulgação de inverdades sobre o sistema de educação superior e a produção de conhecimento no país.

A UFRJ foi a primeira universidade criada pelo Governo Federal, em 1920. Neste século, desenvolvemo-nos muito e vencemos vários desafios, alcançando a ampliação das vagas oferecidas e a modernização do ensino superior. Somos hoje um importante patrimônio do povo brasileiro e uma instituição reconhecida internacionalmente pelo ensino de qualidade e como centro de excelência em pesquisa na fronteira do conhecimento, o que orgulha o país. Esses são os principais motivos pelos quais a UFRJ é uma das universidades que recebe o maior número de inscritos para ingresso pelo Sistema de Seleção Unificada (Sisu). Além disso, seus egressos têm os mais altos desempenhos no Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade) e alta empregabilidade.

A magnitude da instituição é notável. Com campi na Cidade Universitária, Praia Vermelha, Centro do Rio de Janeiro, Duque de Caxias e Macaé, a UFRJ dispõe de 176 cursos de graduação, 130 de mestrado e 94 de doutorado, 1.456 laboratórios de pesquisa distribuídos por todas as áreas do saber, 45 bibliotecas, 13 prédios tombados, cerca de 2.000 projetos pedagógicos, atividades artísticas e cursos para a população na área de extensão universitária. São formados, anualmente, mais de 5 mil profissionais graduados, os quais atuam nas diferentes áreas do conhecimento, contribuindo para a sociedade brasileira, que tanto carece de profissionais qualificados. Nos níveis de pós-graduação, cerca de 3 mil mestres e doutores são formados anualmente, além de cerca de 2.500 profissionais que concluem cursos de especialização nas diferentes áreas do saber.

São 67 mil estudantes de graduação e pós-graduação, sem contar os alunos atendidos pelo Colégio de Aplicação (CAp), que oferece ensino da creche ao ensino médio. A UFRJ dispõe, ainda, de um Complexo Hospitalar (CH), que reúne nove unidades de saúde, entre elas o Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (HUCFF), que realiza, por mês, cerca de 20 mil consultas ambulatoriais, 450 cirurgias e 700 internações, sendo o maior hospital em volume de consultas do Rio de Janeiro.

A UFRJ é a maior universidade federal do país, e seu corpo social é composto por cerca de 4.200 docentes e 9 mil técnicos-administrativos em educação. A formação profissional na UFRJ é acompanhada de profundo aprendizado científico, desde o início dos cursos, e os nossos estudantes são envolvidos em projetos de pesquisa e extensão que aumentam o seu compromisso social e o intercâmbio entre a Universidade e a sociedade.

Apesar da excelente qualificação do seu corpo de servidores técnico-administrativos e docentes, os quais são concursados, e de toda infraestrutura física de salas de aula, laboratórios didáticos e de pesquisa, hospitais, salas de concerto, anfiteatros etc., o custo de um diploma da UFRJ para cursos de cinco anos gira em torno de R$ 154.000,00, incluindo pagamento de pessoal (ativos) e despesas correntes com as nove unidades hospitalares, os quase 1.500 laboratórios de pesquisa e as 45 bibliotecas. Não nos restam dúvidas de que somos uma instituição muito eficiente.

Quando analisamos o orçamento da UFRJ que tem sido divulgado, constatamos que é um equívoco alarmante incluir os valores relativos ao pagamento de inativos e pensionistas na análise da eficiência da Universidade. Essas pessoas recolheram durante toda a vida ativa para a sua aposentadoria e, portanto, o orçamento alocado no seu pagamento não pode ser considerado um custo operacional da UFRJ. Acerca do orçamento discricionário – aquele ao qual, de fato, a Universidade tem acesso para pagar as suas contas –, é preciso esclarecer que a UFRJ atravessa involução orçamentária desde 2016, apesar de a relevância estratégica da instituição para o país só aumentar. Como exemplos, podem-se citar o LabOceano, tanque mais profundo do mundo para ensaios de modelos de estruturas e equipamentos usados nas atividades de exploração e produção de petróleo e gás offshore; a descoberta de que a vacina da febre amarela pode combater o vírus da zika; a descoberta do vírus Mayaro na região metropolitana do Rio; a descoberta de que o hormônio do exercício protege contra o Alzheimer; além das inúmeras publicações em revistas e livros nacionais e internacionais que proporcionam o avanço da ciência, da tecnologia e da inovação.

É preciso destacar que a UFRJ tem estrutura similar à de um município de médio porte, compatível com o seu grau de relevância estratégica para o desenvolvimento do país. A instituição formou uma sucessão de ex-alunos notáveis para o país e com projeção internacional, como o indicado ao Prêmio Nobel da Paz, Osvaldo Aranha; os escritores Jorge Amado e Clarice Lispector; o arquiteto Oscar Niemeyer; os médicos Oswaldo Cruz e Carlos Chagas e o matemático Artur Ávila, primeiro latino-americano a receber a Medalha Fields, prêmio oferecido a matemáticos com até 40 anos e considerado equivalente ao Prêmio Nobel. É certo que plantamos e sintetizamos extensivamente no nosso dia a dia: plantamos conhecimento, senso crítico e ensino de qualidade nos níveis básico e superior; sintetizamos muita produção intelectual e inovação. Além disso, transformamos a vida de nossos jovens para que possamos sonhar com uma sociedade brasileira mais justa e igualitária.

Fonte: Site UFRJ (Adaptada)

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